guilhotina - máquina abstrata de criar imagens primeiras que, remanescentes, diagramam todas as Telas.


- verbete: guilhotina de papel

o braço artifício braço teu, meu, decupa com frescor cabeças de papel - mata qualquer sobra, qualquer ideia que não caiba no enquadramento, qualquer vida que foge do texto. máquina de fazer retrato: escuta-se a ligação, o e-diretor gritou a ação, ou foi o editor?: o braço abraça o papel: o filme então começa, ou o livro, ou o audiobook: um braço policialesco determina quem está no jogo de cena: nas comerciarias, livros aprovados repetidamente, eternamente: só aprovado é enquadramento a virar imagem em movimento: filme de ação, literatura de ficção ou poema aprovação? cabeças-imagens: livros decepados: máquina de cortar papel: aqui manual: caminhos inesperados nesse gesto: decupar o ar: decupar e espaçar: recortar: atenção esculpida pelo aço, pela lâmina, pelo clique: limite entre o que vira confete e o que fica a fazer corpo: após novo corte, ouve-se novamente a palavra ação: a vida enquadrada de uma narrativa, ou uma tela pintada, poesia engavetada: não se pode demonstrar bordas nem marcas de corte, linha reta arquitetural da margem de um rio domesticado, e-reta: ainda mesmo corte, recorte manual, mesmo virtual. o gato em círculo confere a almofada, o enquadramento do corte protege o texto no espaçamento do papel e, nessa tela: fluxo confortante, corte preciso: recontado, remontado: o texto é o corpo que sobra no pós-tudo guilhotinado.
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